"O santuário do Futebol"

8 de jul. de 2014

Do céu ao inferno em 18 minutos.

Vergonhoso, ridículo, vexatório, obsceno, patético. Não faltam adjetivos para classificar a derrota da Seleção Brasileira hoje por 7x1 no Mineirão, mas a grande verdade é que a única vez que foi apresentado um futebol no mínimo convincente foi durante a Copa das Confederações, é muito pouco para um time com o peso da camisa que tem.

 Não é hora de fazer o que todo brasileiro adora, a caça as bruxas, achar um culpado pelo fracasso. A péssima exibição de hoje só é reflexo daquilo que se produziu durante os 4 anos de preparação para a copa, somado todos os fatores resulta nesse pífio desempenho na "Copa das Copas".


  • Testes excessivos
 Ao todo somados Mano Menezes + Felipão foram testados incríveis 104 jogadores, não há como se criar um grupo consolidado e forte com tantos testes. Nomes como Leandro Castan, André Santos, Carlos Eduardo (aquele mesmo do Flamengo), Bruno César, Renato Abreu (!), Rômulo (ex-Vasco), Jean, Casemiro, Giuliano, Fernando (ex-Grêmio) Wesley e Dudu (Dynamo de Kiev) fizeram parte de algumas convocações. Nomes que claramente não deveriam nem ser cotados para fazer parte do elenco (inclusive esse foi um dos motivos que acarretou na demissão do Mano) não que sejam jogadores ruins, muitos deles fizeram carreiras muito boas e conquistaram títulos pelos times que passaram, mas não tem condições de vestirem a camisa de 5 estrelas.

O correto era se estabelecer um grupo menor com menos jogadores testados para que se criasse uma base, um seleto de jogadores que tem o nível técnico exigido para vestir uma camisa do peso da brasileira, assim criando um mínimo de entrosamento possível.


  • Não ter disputado as eliminatórias
 Talvez essa seja a melhor geração de jogadores sul-americanos que tenha se visto nos últimos tempos, times como a Colômbia, Uruguai, Chile, Argentina com um nível altíssimo e até o Equador e Peru com um nível técnico alto. Como país sede o Brasil teve sua classificação garantida e não disputou o campeonato, o que prejudicou o nível técnico do grupo, amistosos puramente políticos contra times fraquíssimos fizeram a seleção se acomodar e não desenvolver a gana de vitórias, em nenhum momento foi trabalhado o lado da pressão e da necessidade de vencer.

O resultado disso ficou muito claro no jogo contra o Chile, aonde o capitão e um dos pilares do time desabou em choro antes da disputa de pênaltis. Claramente demonstrando a falta de preparo psicológico do time para lidar com a pressão.


  • A dependência do craque
Que Neymar é o destoante dessa equipe é fato, é o jogador diferente que decide em uma jogada , que surpreende a defesa com um passe em profundidade ou com um drible mágico, porém já mostrou em alguns momentos que "some" das partidas, talvez por cansaço ou até pelo excesso de entradas violentas, era necessário ter alguma outra referência outro jogador que dividisse esse fardo com ele. Delegar essa responsabilidade para um jogador de apenas 22 anos chega até ser cruel, é claro que em algum momento ele não iria conseguir resolver.

Nomes como o de Ronaldinho, Kaká, Adriano (se não bebesse mais que Opalão envenenado) poderiam dar mais equilíbrio a essa balança dividindo a responsabilidade com o garoto, mesmo que não estivessem (e realmente não estão) no mesmo nível que apresentaram em outras épocas são nomes de peso que atraem a atenção do adversário.

Em nenhuma outra geração que foi campeã, fomos campeões com apenas um jogador decisivo. Ronaldo e Rivaldo em 2002, Romário e Bebeto em 1994, Pelé e o vasto esquadrão de estrelas que jogaram junto com ele em 70, Garrincha, Vavá e Zagallo em 58 e 62.


  • A teimosia de Felipão
Quem é Palmeirense como eu tinha noção exata que a teimosia de Felipão beirava a insanidade em muitos jogos (essa foi pra vocês Tinga e Massaraujo), que inclusive levou a exaustão com a diretoria que acabou demitindo-o antes do término do campeonato brasileiro de 2012. Ao assumir a Seleção não foi diferente, Turrão como bom gaúcho que é bateu o pé com o esquema tático que deu o título da Copa das Confederações para o Brasil.

O 4-5-1 de Felipão que deu certo na copas das confederações era uma cópia do esquema adotado pelo técnico do Bayern Jupp Heynckes que trucidou o Barcelona.



O esquema que dizimou o time catalão da Champions League de 2013 também funcionou para o Brasil daquela competição. Apesar do único time forte que foi enfrentado na competição foi a Espanha na final, esse esquema tático funcionou perfeitamente como havia funcionado em Abril daquele ano para o Bayern. Uma pressão em todo o campo com o contra ataque objetivo e dedicação tática.


Fica escancarado a cópia do esquema tático inclusive com jogadores semelhantes desempenhando as mesmas funções que os comandados de Jupp Heynckes. Hulk tendo a mesma função de Robben, Neymar sendo o motorzinho do time como Ribery, Oscar responsável por chegar na área e armar jogadas como Muller, talvez a grande diferença seja na qualidade técnica dos selecionados.

A questão é que Felipão manteve o mesmo esquema tático que o consagrou anteriormente para a Copa do Mundo. E logo nos três primeiros jogos ficou evidente a grande falha desse esquema, o meio de campo. Como conta com apenas três jogadores para compor o setor acaba criando um buraco que todos os adversários do Brasil na Copa (com exceção talvez de Camarões) souberam aproveitar. Felipão não soube (ou não quis) corrigir a falha estrutural grave que existia na formação e manteve o mesmo esquema no jogo contra o Chile, e foi dominado.

Vislumbrando talvez a fatídica partida de hoje Felipão conversou com seis jornalistas de peso como PVC e Juca Kfouri para corrigir o grave defeito do esquema chupinhado anteriormente. Provavelmente não deu ouvidos a nenhum dos seis e o resultado foi o que vimos hoje.

Isso sem contar com os jogadores jogando fora de sua posição de origem como Hulk pela ponta esquerda e Oscar pela ponta direita. Aliás, mesmo em amistosos quando a seleção jogou contra os times que são consideradas as potências fomos patéticos técnica e taticamente.

Foi bem aí mesmo que você e todos nós levamos

É necessário entender que não existe um culpado pela ridícula eliminação da seleção na copa, não existem heróis ou vilões. Enquanto acharmos que títulos passados nos fazem ser melhores que os outros continuaremos com apenas cinco estrelas estampadas na camisa. É preciso neste momento pegar os estilhaços da nossa honra que ficaram espalhados no chão, corrigir os erros e levantar os pontos bons deste time e que podem ser aproveitados para o futuro.

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