"O santuário do Futebol"

18 de jul. de 2018

Vis la république!

E a França se consagrou a mais nova bicampeã mundial entrando para o rol que também contém a Argentina e o Uruguai, contando com uma seleção com muitas novas caras após o fracasso na Eurocopa. Mas o que dá pra tirar de lição para a próxima Copa?

Esses negros maravilhosos

Primeiro vamos analisar o retrospecto. Chegamos com a expectativa de ter um time que capengou no começo das eliminatórias após um mundial vexatório (muito devido a atritos políticos como sempre) mas que teve em Adenor uma redenção, classificamos em primeiro como o melhor futebol da América do Sul e um dos melhores do mundo. 

Porém, nossa maior estrela voltava de lesão após 4 meses parado e a seleção foi convocado sem muitas surpresas. O que aconteceu então que aquele futebol que envolvia e encantava acabou sumindo por um futebol pragmático e sem ideias diante de retrancas? O maior "vilão" se é que é para existir um foi o próprio Tite. Ao não manter a consistência de escalações anteriores (bem verdade devido a lesões de algumas peças chave) o time perdeu em criatividade e eficiência. Sem Renato Augusto e Daniel Alves a seleção canarinho se viu muito dependendo de seu excelente lado esquerdo que foi facilmente anulado na maioria das partidas.


Outra mudança que foi fatal foi a do esquema tático do 4-2-3-1 das eliminatórias para um 4-1-4-1 que não conseguia criar jogadas, no time que encantou tinha escape de qualidade pelas duas laterais, proteção da zaga pelo Casemiro e qualidade tanto na chegada com velocidade no ataque de Paulinho quanto na qualidade do passe da criatividade de Renato Augusto, o time não ficava apenas dependente de Marcelo e Neymar e num geral era muito mais equilibrado dentro de campo tanto ofensivamente quanto defensivamente.


 Acabamos sendo eliminados para a ótima geração belga™ que aproveitou da nossa fragilidade no meio campo para jogar no contra ataque na velocidade de Hazard e De Bruyne. Mas dessa vez a eliminação não foi traumatizante como a da última Copa, e com certeza levamos muito mais coisas positivas do que negativas como resultado dessa campanha.

De longe o maior aspecto positivo foi a volta da identidade do torcedor com sua seleção. Desde a campanha de 2006 que o povo perdeu a sua identificação para com o time do Brasil, vide toda a politicagem e corrupção que correu a imagem da federação e desgastou a relação de amor do brasileiro com seu time. Este mérito ninguém pode tirar de Tite, que peca um pouco as vezes no aspecto tático mas no aspecto pessoal é de longe o melhor do Brasil, Adenor estudou para isso, entendeu que para assumir um desafio não é necessário apenas ter jogadores de qualidade, mas ter também jogadores que se sintam confortáveis para conversar com seu comandante e com isso se sintam mais suscetíveis para receberem ordem que não os agradassem pessoalmente. Gestão humana e meritocracia eram seus lemas e os jogadores abraçaram a ideia.

Queria tanto uma dessa...
Infelizmente essa gestão humana que deu resultados acabou sendo decisiva para o futuro do time na competição, ao não tirar William do time quando Douglas Costa estava claramente melhor e não abrir mão de Paulinho quando o meio campo não apresentava criatividade o time acabou se vendo muito dependente de sua maior estrela Neymar que por inúmeros motivos acabou não rendendo o esperado. Talvez com medo de se queimar com o elenco mudando de postura ou de tomar decisões mais rígidas quanto a escalação Tite acabou fraquejando e insistindo no erro, culminando assim na nossa eliminação.

Talvez o maior passo para a sequencia da seleção já foi dado pela CBF, a manutenção de seu técnico. Não há nenhum motivo para não se confiar no trabalho de seu Adenor nessa nova caminhada pelas eliminatórias e da copa de 2022, seu esquema de gerenciamento pessoal se provou eficiente e com certeza vai ajudar na renovação que será necessária para criar um elenco vencedor.
 
Temos excelentes nomes com potencial para serem grandes craques da próxima geração, além da evolução e da experiência que alguns jovens tiveram com esse mundial, como Gabriel Jesus e Marquinhos terão que provar nesses 4 anos que conseguirão manter a evolução em seu futebol para serem os grandes nomes de suas posições que ficarão carentes. E temos também como possíveis nomes para a renovação Paquetá, Vinicius Junior, Talisca, Arthur, Jemerson, Rodrygo...



O que fica de lição é aprender mais com a França, que renovou completamente seu time, apostou em novos talentos e contou com a experiência de algumas poucas peças (como Matuidi, Lloris e Griezmann) para levar o caneco pra casa. Temos uma ótima geração surgindo e ficará a cargo de seu Adenor promover as mudanças necessárias para que estas joias sejam lapidadas durante as eliminatórias e cheguem com bagagem para a próxima Copa.

E que sejamos pacientes pois um bom trabalho não se dá em quatro anos, veja o exemplo das últimas campeãs mundiais como a Alemanha e Espanha que apostaram num trabalho de 8 a 10 anos para colherem seus frutos.

Mas como a paciência não é uma virtude do brasileiro, somente o tempo nos dirá se tudo dará certo.

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